Olá queridas,
Envio-lhes está carta como um pequeno "testemunho", venho por meio desta contar uma breve experiência que, espero que sirva de exemplo para vocês. Eu a vivi e aprendi muito com o que aconteceu, porém estou presa as consequências. E a cada dia tenho que superá-las. Isso, torna-me mais forte, entretanto me machuca um pouco, não pelo que aconteceu, mas por eu ter deixado acontecer comigo, alguém que sempre foi tão cautelosa. Conto-lhes para que vocês não cometam o mesmo erro, peço também carinhosamente que não me julgue, pois estão propensas a cometer o mesmo erro. Apenas vigiem e sejam prudentes em todo o seu proceder, valorizem-se e amem-se, mas sem esquecer do próximo.
Quando eu o conheci, foi num momento tão descontraído, nem percebi que alguém me observava. Nunca fui foco de olhares, era algo incomum pra mim; ele veio falar comigo, e deixou a entender de um modo bem claro que havia se interessado por mim, até então, pensei que fosse apenas um flerte, e uma massagem no ego não custa nada. Até que surgiu a primeira ligação e junto dela sucessivas mensagens. Foi meio complicado, pra uma garota como eu, administrar tanta atenção, ele fazia me sentir tão especial, tão diferente, de um maneira que nunca havia sentido-me antes. Mesmo assim, estava cautelosa para não cair em seus encantos, mas com o tempo suas palavras foram-me soando tão sinceras e verdadeiras, e aos poucos fui acreditando no que dizia.
Depois de um tempo, ele convidou-me para um encontro e eu aceitei. Estava determinada em apenas conhecê-lo sem muitas intimidades, apesar de todas a sensações de fascínio e alegria que ele provocava em mim, antes de tudo ele era uma novo amigo. Lá, ele deixou bem claro que queria me conquistar e pareceu está disposto a tudo, a esperar o tempo que fosse preciso, o meu tempo. Isso me passou tanta segurança que aos poucos fui baixando a guarda.
Continuamos nos comunicando, e cada vez mais eu confiava nele, até que precocemente ele disse um sonoro e surpreendente "eu te amo", a princípio não acreditei, mas eles passaram a ser tão insistentes que senti-me na obrigação de dizer o mesmo, até que um dia eu disse um "eu também" e pouco depois eu já dizia o tão sonoro "eu te amo", enganando não só a ele, mais principalmente a mim, que acreditava destemidamente nessa mentira, tendo pra mim como uma verdade. Com o passar do tempo tornamo-nos verdadeiros cúmplices, e já era comum ouvi-lo e contar para ele como foi o dia. Quando ele me ligava ainda um pouco estressado, depois de desabafar e me ouvir, dizia que minha voz o acalmava. Ambos reconheciam uma a voz do outro, já sabíamos quando um ou outro não estava bem, ele conhecia alguns dos meus segredos e eu das suas maninas.
Até que nos encontramos pela segunda vez, mas agora muito mais conectados, seus braços já envolviam em minha cintura de uma maneira tão natural que parecíamos nos conhecer a tempos, quem olhasse jurava que já namorávamos só pela maneira que um tratava o outro, nos entendiamos apenas no olhar, já referíamos uma ao outro como "amor", poderia arriscar dizer que era algo quase meio que piegas. Era muito bom viver aquilo, era como um conto do fadas. E durante essa dança de sentimentos, ele tentou me beijar, escapei a primeira, a segunda só que na terceira foi difícil resistir, não pelo contato físico, mas sim tudo o que envolvia aquele singelo e sincero gesto de carinho, e nesse beijo eu entreguei-me a esse sentimento, e junto dele, a cegueira. Foi algo lindo e encantador, mas tão bom de eu não querer abrir mão dele por qualquer coisa, de estar disposta a luta por aquilo. Talvez isso soe romântico, mas não, quando mal administrados, os sentimentos podem se um perigo contra si e contra os outros. Tornei-me negligente aos defeitos dele, claro que não existe ninguém perfeito, mas era visível que essas falhas no caráter futuramente nos atrapalharia, e o pior, eu sabia que ele não estava disposto a mudanças, nem por mim nem por nosso relacionamento, enquanto eu abria mão de tantos princípios.
Apesar de ter sido algo encantador, depois de um tempo me sentia mal, pois não queria e nunca fui a favor de relacionamentos onde não houvesse um compromisso, de não poder andar livremente com ele na rua, queria que tornasse meu namorado oficial, como manda os costumes. Nós já havíamos conversado sobre isso, ele pareceu concordar, mas depois desse dia, ele começou a dizer que achava melhor a gente esperar um tempo, que talvez não fosse bom nós começarmos algo agora, que ele tinha acabado de sair de relacionamento, conversamos e ficou tudo no ar, e nada resolvido. Até que depois de pouca insistência minha, mas de bastante chantagem emocional, ele veio aqui em casa. Foi burrice minha, ou melhor, nossa, e uma atitude muito precipitada. Ele não veio me pedir em namoro, veio apenas para conhecer minha família e meus amigos e começar a criar vínculos. Ele pareceu gostar muito do pessoal, mas um outro sinal que negligenciei é que a maioria dos meus amigos, não foram contra, mas eu não via aquele apoio cem porcento.
Chegou o feriado da Semana Santa, viajei e fiquei meio que incomunicável, quando voltei ele me ligou e disse que durante o feriado foi à um show, não fiz causo mesmo ele não tendo me avisado, eu confiava nele cegamente. Mas mesmo assim eu estava com um sensação estranha, e ele também estava meio diferente, mas não insisti, eu estava na rua e não tinha como conversar. Quando cheguei em casa de noite, como era de costume, liguei pra ele, conversamos, ele deixou a entender que não queria mais, pra mim foi ali que terminamos, sem muitas explicações, sem muitos esclarecimentos e muitas confusões em minha mente. Eu havia planejado tanto o nosso futuro, havia aberto mão de tantas e tantas coisas e me ferrei. Senti-me usada apenas pra suprir a carência de alguém. Todas as músicas da Adele agora pareciam fazer sentido. Haviam brincado com meu coração e esquecido-o por ai. Tive que me virar pra tentar superar tudo, mas Deus em todos os momentos esteve ao meu lado, mostro-me que esse era o melhor, que aqueles erros que eu negligenciava iam crescer e me machucar muito e muito mais, e nessa hora houve também o apoio deles, dos meus amigos, esses lindos que em todas as cituções estão ao meu lado.
Sabe, me fez mal, mas valeu a pena. Até hoje sofro as consequências, hoje meu coração tem uma marca, a carência parece ser maior e superá-lo não foi tão fácil. Mas eu sei que cresci e amadureci, não deixo mais me envolver tão fácil, mudei minha visão sobre certas coisas, parei de julgar os outros, pois sofri na pele, percebi que não sou de ferro e que falho, tirei lições e com certeza posso dizer que aprendi. Mesmo depois de tudo isso, eu não consigo sentir ódio dele, das poucas vezes que nos falamos, conseguir ser simpática e amigável, gostaria apenas de algumas explicações, mas não as exijo, apenas aguado-as.
Assim, termino aqui minha história, não estou desacreditado do amor, mas agora avalio com mais cuidado para não ser enganada, ou melhor, não enganar a mim mesma. Queridas tenham cuidado, e espero que minha história acrescentem-lhe. Se já passaram por algo parecido, creiam que se Deus tirou é porque tem algo melhor para vocês.
Com carinho, uma amiga distante.
Para 89ª Ed.Cartas do Projeto Bloínquês